Qual é o motivo dos ataques chechenos na Rússia

Ramzan Kadyrov diz estar descontente com a guerra e apelou para uma resposta enérgica, dizendo que não há necessidade de temer a reação do Ocidente.

Qual é o motivo dos ataques chechenos na Rússia

© Mikhail METZEL / SPUTNIK / AFP

DN/Lusa

25 Outubro 2022 — 12:16

  • Facebook
  • Twitter
  • Comentar
  • Partilhar

Tópicos

  • Guerra na Ucrânia
  • Chechénia
  • Rússia
  • Ramzan Kadyrov
  • Internacional

O líder da Chechénia, Ramzan Kadyrov, criticou esta terça-feira a "resposta fraca" da Rússia aos ataques ucranianos em território russo, referindo-se às regiões da Ucrânia anexadas ilegalmente por Moscovo.

Relacionados

alemanha. Presidente alemão em Kiev para visita surpresa ao país

guerra na ucrânia. Governo de Kiev reafirma compromisso com reformas exigidas pela UE

guerra na ucrânia. Rússia perdeu mais de um quarto dos seus helicópteros Ka-50

"Estamos a responder de uma forma fraca", escreveu Kadyrov na rede social Telegram, citado pela agência espanhola EFE.

Segundo o líder checheno, recentemente promovido a coronel-general, "antes falava-se de uma operação militar especial em território ucraniano", mas agora a "guerra está a ser travada" em solo russo.

Fechar

Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.

Subscrever

"Estou muito descontente com isso", afirmou.

Kadyrov disse que as forças ucranianas não pararam de atacar mesmo depois de a lei marcial ter sido declarada nas quatro regiões anexadas pela Rússia no final de setembro, referindo-se a Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.

O líder checheno apelou para uma resposta enérgica e disse que não havia necessidade de temer a reação do Ocidente, porque tudo o que de mau poderia acontecer "já aconteceu".

"Não pode ficar pior", acrescentou.

Na sequência da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro deste ano, a Rússia anexou Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia em 30 de setembro, após referendos realizados em tempo de guerra.

A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconheceram a decisão de Moscovo, que já tinha anexado anteriormente a península ucraniana da Crimeia, em 2014.

As forças armadas ucranianas têm em curso uma contraofensiva para reconquistar território sob controlo russo, incluindo nas regiões anexadas.

A contraofensiva foi possível com a entrega de armamento à Ucrânia por parte dos seus aliados ocidentais.

O Ministério da Defesa ucraniano anunciou, na segunda-feira, que as suas forças já tinham reconquistado 90 localidades da região de Kherson, abrangendo "mais de 12.000 pessoas".

Face ao avanço das tropas ucranianas, as autoridades pró-russas de Kherson disseram, na semana passada, que pretendiam retirar 50.000 a 60.000 habitantes da cidade portuária do sul da Ucrânia "por motivos de segurança".

As informações sobre o curso da guerra divulgadas pelas duas partes não podem ser verificadas de forma independente.

A abertura de corredores humanitários está a permitir a saída de pessoas, também de Mariupol. 90% dos edifícios da cidade estão destruídos ou danificados e a chegada de combatentes chechenos deverá agravar a crise humanitária.

Depois de ter anunciado a ida de mil voluntários para a Ucrânia, Ramzan Kadyrov publicou na plataforma Telegram o que muitos antecipavam e temiam: o envolvimento dos chechenos na ofensiva militar do Kremlin.

O Presidente desta república no Caucaso é acusado graves violações de direitos humanos e lidera uma milícia paramilitar, a Kadyrovtsy, acusada de atrocidades na Chechénia.

Responsáveis ucranianos puseram em causa a veracidade das alegações de kadyrov mas o vídeo mostra soldado chechenos em Mariupol, e nalgumas imagens a retirar civis de edifícios da cidade.

Particularmente assolada por esta guerra Mariupol, estima-se, ainda abriga mais de 300 mil pessoas.
Milhares estão aproveitar os corredores humanitários negociados nos últimos dias, para escapar ao inferno.

A Cruz Vermelha internacional abandonou Mariupol na quinta-feira. O presidente da ONG salienta que não havia condições de segurança, nem capacidade operacional.

Exemplo disso é também a lentidão do resgate dos que se encontravam num abrigo subterrâneo neste teatro, bombardeado há dois dias. A autoridade local justifica a falta de informações com a ausência de operacionais.

Moscovo continua a recusar qualquer responsabilidade.

A nível interno Moscovo tem erguido sucessivas barreiras no acesso dos russos a informação, criando uma realidade alternativa ao que se passa na vizinha Ucrânia.

Qual é o motivo das ataques chechenos na Rússia?

Como já destacamos, o principal motivo de todo esse conflito é a Rússia não reconhecer a Chechênia como sendo um país independente, mesmo que ela tenha se autoproclamado independente no ano de 1991.

Quais são os interesses russos na região da Chechênia?

A localização da Chechênia é estratégica para o governo russo. A região possui reservas petrolíferas e é uma área de passagem de oleodutos que ligam Moscou e a Europa aos poços de petróleo da região do Cáspio.

O que são soldados chechenos?

"As tropas chechenas são muito temidas. E conhecidas na própria Rússia pela crueldade para executar os soldados inimigos. Desde o começo da guerra na Ucrânia, os chechenos foram mobilizados para participar dos conflitos. Essas tropas fazem parte da guarda nacional russa, mas respondem diretamente ao Putin", explica.

Quem ganhou Guerra da Chechênia?

A 1ª Guerra da Chechênia aconteceu de agosto de 1994 a dezembro de 1996, entre a República da Chechênia e Rússia, pois a primeira queria tornar-se independente da segunda. Os chechenos levaram a Rússia a uma derrota considerada humilhante.